Texto: “Se te fadigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão?” (Jeremias 12:5).
Esse mesmo texto, na Bíblia na Linguagem de Hoje, é apresentado na seguinte forma: “Deus respondeu:
– Jeremias, se você se cansa apostando corrida com os homens, como é que vai correr mais do que os cavalos? Se você não se sente seguro numa terra de paz, como é que vai conseguir viver nas matas do rio Jordão?”
O Impacto das Mudanças
As mudanças incomodam, e muito! Desde uma simples mudança de endereço ou residência, passando por mudanças de trabalho ou função, todas elas nos causam uma certa ansiedade ou apreensão.
Mesmo quando são para melhor, as mudanças trazem alguns elementos negativos (algumas perdas). Um exemplo disso é aquela tão aguardada promoção que coloca mais dinheiro no bolso do empregado, mas que, ao mesmo tempo, reduz ainda mais o pouco tempo que ele possui para passar com a família.
Mas, embora incômodas, e às vezes traumáticas, as mudanças acontecem e devemos estar preparados para enfrentá-las. No livro Pensamento & Mudança, o autor, Pr. Nelson Spritzer, fala sobre os grandes ciclos de mudança que o mundo têm experimentado. Ele mostra como algumas pessoas e empresas percebem esses ciclos, preparam-se adequadamente para sobreviverem e, mais do que isso, aproveitam essas ocasiões e crescem. Eles se dão bem, enquanto muitas pessoas e empresas se dão mal e acabam falindo.
“De repente”, diz o Pr. Nelson, “os resultados despencam, o mercado muda, a economia muda, as pessoas mudam e os hábitos mudam. Onde antes era muito bom ser dono de uma fábrica de carruagens, agora, com a chegada do automóvel, para que carruagens? Os fabricantes de carruagens procuram desesperadamente torná-las mais confortáveis, mais bonitas. Tarde demais, a energia desta onda está em franco declínio e com ela vão arrastados os que não entendem as Leis das ondas…”
Empresas gigantescas como a Xerox pagaram um preço muito alto por não atentarem para essa “Lei”, não percebendo as mudanças em curso. Steve Jobbs, o criador do primeiro computador pessoal (o Apple) e da famosa linha Macintosh, era um simples funcionário da Xerox. Jobbs saiu da Xerox assim que sentiu que essa empresa iria perder a nova “onda” (deixaria de captar a grande mudança que estava tendo início).
Ele saiu e se lançou totalmente na sua nova empreitada. E os resultados são hoje conhecidos no mundo inteiro. Uma fabriqueta, de fundo de quintal, tornou-se uma real ameaça para a toda poderosa IBM (a gigante mundial dos computadores) e ainda hoje, em pleno século 21, a Apple atua como a grande líder mundial das inovações tecnológicas no campo da comunicação.
O Raio de Ação das Mudanças
As mudanças possuem um raio de ação quase ilimitado. Elas afetam todas as pessoas. Uma se adaptam. Encaram de forma positiva as mudanças. Crescem. Avançam. Já um outro grupo de pessoas e empresas, não resistem às mudanças. Fracassam! Vão à falência!
Como vimos, sofrem menos o impacto das mudanças as pessoas e empresas que as compreendem, e se preparam adequadamente para enfrentá-las. Isso é tanto verdade do ponto de vista empresarial como o é do ponto de vista espiritual.
Essa é uma das grandes lições a serem extraídas do texto de Jeremias: “Se te fadigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão?” (Jeremias 12:5).
O profeta Jeremias foi um porta-voz de Deus a anunciar os juízos divinos que estavam prestes a cair sobre o seu povo. O trabalho era muito difícil. Jeremias cumpria a desgastante missão de convencer os seus patrícios a aceitar o castigo divino, submetendo-se ao jugo babilônico. Isso fazia com que ele fosse visto pelo seu povo como um “entreguista”, um traidor.
Era uma tremenda mudança, um grande desafio na vida de Jeremias. Jovem dócil, e até certo ponto ingênuo, de repente o profeta se vê como alvo de uma conspiração por parte dos homens da cidade de Anatote (ler: Jeremias 11:18-21).
Voltando um pouco no tempo, vemos que Jeremias estava se preparando para levar a vida calma e, até certo ponto, cômoda de sacerdote (Jeremias 1:1). E, de repente, vem o chamado de Deus que implicava numa mudança de carreira, mudança de profissão.
O chamado envolveria ainda outras mudanças, tais como: afastamento dos parentes, perda do contato com os amigos e, certamente, perda da amizade com muitas pessoas; afinal não havia naquela época função mais impopular e desgastante que a de profeta. Basta dizer que entre aqueles que agora estavam querendo matá-lo, havia muitos dos antigos colegas de carreira e, certamente, muitos ex-amigos.
A situação era crítica, e o profeta estava confuso! Embora estivesse convencido de que Deus é justo, Jeremias não conseguia harmonizar plenamente seu conceito de Deus com aquilo que lhe estava acontecendo.
Quantas pessoas abandonam a igreja e às vezes até deixam de crer em Deus por causa do primeiro problema que aparece, a primeira mudança que têm que enfrentar? Quantas vezes permitimos que o Diabo desgaste e subtraia a nossa fé por causa de alguma contrariedade em casa, no local de trabalho ou na igreja?
Jesus não prometeu para ninguém um “mar de rosas”; Ele disse: “No mundo vocês vão sofrer, mas tenham coragem! Eu venci o mundo!” (João 16:31). Jesus também assegurou-nos: “Lembre-se de que Eu estarei com vocês todos os dias, até o fim dos tempos” (Mateus 28:20).
Isso não significa livrar-nos dos problemas, mas, sim, ajudar-nos a superá-los. Não implica em livrar-nos das tentações, mas, sim, em guiar-nos nas tentações, dando-nos sabedoria e poder para enfrentá-las. Isso não quer dizer, ainda, fim das tristezas, mas, sim, providencial conforto e força para podermos suportá-las.
O apóstolo Paulo nos diz em II Timóteo 3:12: “Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos”. Você já foi ou está sendo vítima de algum tipo de perseguição? Em caso afirmativo, saiba que este é o cumprimento da infalível palavra de Deus! Mas, se você ainda não foi perseguido, pode ter certeza de que o será! O texto não exclui ninguém entre os fiéis filhos de Deus. Mas, tenha também a certeza de que junto com os problemas virá a capacidade para suportá-los.
O apóstolo Paulo, face às dificuldades e provações que teve que enfrentar, deixou-nos uma das mais lindas declarações de fé: “Em tudo somos atribulados, porém, não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, mas não destruídos” (II Coríntios 4:8-9).
A escritora Corrie Ten Boom, que enfrentou e sobreviveu aos horrores do campo de concentração de Auchwitz, costumava dizer: “Pode acontecer o pior, mas é sempre o melhor que permanece”.
Mudanças no Mundo Religioso
Quando o assunto é mudanças no mundo – mudanças que afetam todas as pessoas e que mexem principalmente com os cristãos – nos deparamos com um quadro muito amplo.
Hoje em dia, todas as estruturas estão sendo alteradas, verdades e valores estão sendo contestados diariamente. Paradigmas – modelos ou referenciais na forma humana de agir – estão sendo eliminados. O mundo está passando por mudanças profundas e drásticas no campo moral e espiritual. Tudo está sendo abalado.
Isto confirma as profecias! O próprio Jesus assegurou-nos em Seu Sermão Profético (Mateus 24) que todas as estruturas físicas e econômicas, políticas e religiosas seriam abaladas. A própria igreja seria abalada (provada).
Existe um termo específico entre nós, Adventistas, para denominar este processo: “Sacudidura”. O escritor Fernando Chaij define essa palavra como “um vocábulo figurativo que designa uma experiência especial de seleção e apostasia em meio ao povo de Deus”. – Preparação Para a Crise Final, pág. 58.
Um texto clássico a este respeito afirma o seguinte: “Ao aproximar-se a tempestade, uma classe numerosa que tem professado fé na mensagem do terceiro anjo, mas que não tem sido santificada pela obediência à verdade, abandona a sua posição, passando para as fileiras do adversário. Unindo-se ao mundo e participando de seu espírito, chegaram a ver as coisas sob a mesma luz e, em vindo a prova, estão prontos a escolher o lado fácil, popular”. – O Grande Conflito, pág. 614.
Hoje em dia, é fácil professar religiosidade. É fácil, e às vezes até cômodo, dizer que somos Adventistas do Sétimo Dia. Somos admirados. Desfrutamos de um bom conceito junto à comunidade. As pessoas querem que nos envolvamos no campo social, político, cultural e religioso de nossa cidade (reconhecem que os Adventistas podem dar uma grande contribuição nessas áreas).
Isso é bom. Assim como Jesus fazia, devemos canalizar todo esse interesse das pessoas para o Evangelho, procurando conduzi-las à salvação em Jesus. Mas, não vamos nos iludir! Devemos estar atentos e conscientes ao fato de que tudo isso vai mudar. E logo… Muito em breve, a liberdade religiosa será suprimida, e não poderemos mais pregar livremente. Não poderemos, também, adorar a Deus livremente como hoje o fazemos. Por isso, temos que pregar o Evangelho com muito mais rapidez e poder, buscando a santificação que nos preparará para as grandes mudanças que estão para acontecer.
No livro O Grande Conflito, encontramos a seguinte declaração a esse respeito: “O tempo de angústia como nunca houve está prestes a manifestar-se a nós, e necessitaremos de uma experiência que agora não possuímos e que muitos são indolentes para obter. Dá-se muitas vezes o caso de se supor maior a angustia do que em realidade o é: não se dá isso, porém, com relação à crise diante de nós. A mais vívida descrição, não pode atingir a grandeza daquela prova”. – O Grande Conflito, pág. 628.
Preparo Para as Grandes Mudanças
A esta altura, as perguntas que surgem, e precisam ser respondidas de forma satisfatória, são as seguintes: Como podemos permanecer firmes, “inabaláveis”, em meio à grande sacudidura? Que tipo de treinamento nós precisamos receber para estar aptos às grandes mudanças prestes a ocorrer?
O texto de Jeremias 12:5 nos fornece as respostas: “Se te fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com os que vão a cavalo? Se em terra de paz não te sentes seguro, que farás na floresta do Jordão?”
A 1a grande lição é esta: Não superestime as mudanças que você terá que enfrentar, antes que venham as grandes e finais mudanças. Não veja os problemas como “bichos de 7 cabeças” e, muito menos, como aquele monstro mitológico (Hidra de Lerna) do qual quando se cortava uma cabeça nasciam várias outras!
Quando você estiver enfrentando qualquer dificuldade, lembre-se: Não é o fim do mundo! E, embora ele já esteja anunciado há bastante tempo, você não precisa antecipá-lo. Em suma, Deus pode permitir que enfrentemos pequenas crises, como meio de preparo para a grande crise final diante de nós. Temos que entender isso! E precisamos nos lembrar sempre disso!
Deus pediu a Jeremias que ele comparasse os seus problemas com as dificuldades maiores que as outras pessoas estavam enfrentando. Deus pediu, também, que o profeta comparasse a sua situação com as adversidades maiores que ainda estavam para vir.
A figura de correr com pessoas que vão a pé representa as dificuldades comuns da vida (aquelas que fazem parte do nosso dia a dia, o trivial, o comum); já a figura de alguém que vai a cavalo, simboliza as dificuldades maiores que o futuro reserva.
A 2a lição inserida no texto de Jeremias diz respeito ao próprio treinamento, em si, para enfrentar as dificuldades. A capacidade de enfrentar e vencer situações desconfortáveis é ampliada gradualmente (pouco a pouco). Não se aprende natação por correspondência. Nem se aprende a dirigir sem entrar no carro e ir, aos poucos, perdendo o medo e dominando as situações. É preciso, primeiro, conseguir acompanhar aqueles que vão a pé, para depois conseguir competir com aqueles que vão a cavalo.
A 3a lição é a seguinte: Não devemos nos acomodar às mudanças, mesmo que elas sejam positivas. A pregação de Jeremias tinha como objetivo mostrar que o cativeiro fazia parte dos juízos inevitáveis de Deus. Eles deveriam adaptar-se à mudança de situação. Mas, não deveriam jamais acomodar-se. No final do cativeiro, muitos não quiseram retornar para a sua pátria por causa das belas casas, empregos e títulos que haviam conseguido em Babilônia.
A 4a e última lição que vamos extrair do texto é que a maneira como iremos agir frente às mudanças que já estão previamente traçadas. Não no DNA (cadeia genética)! Não pelo destino ou pelos astros! Mas por nós mesmos – pelo relacionamento que tivermos desenvolvido com Jesus a cada passo da caminhada cristã.
Jeremias se viu abalado nas estruturas, mas não caiu! Ele se viu confuso, mas não desesperado! Ao invés de manifestar qualquer rebeldia, o profeta foi buscar no Senhor a explicação e o consolo. Jeremias não conhecia todos os ângulos do problema; mas, ele conhecia Aquele que está acima de todos os problemas!
Apelo
Gosto de um pensamento do escritor americano Morris Venden que afirma o seguinte: “As circunstâncias não mudam ninguém, elas apenas mostram em qual direção estamos indo”. Em que direção você está indo, meu querido irmão, minha querida irmã? Como está a sua vida diante de Deus?
Para mudar, primeiro Vem Pra Jesus!
Orarei por sua decisão.
Abraços fraternos e um ótimo Sábado!
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