O Ano é 95 d.C. O cenário é a solitária ilha de Patmos no Mar Mediterrâneo, próxima da Ásia Menor. Patmos era improdutiva, deserta e rochosa. Um local seguro para os navios aportarem durante as tempestades, mas totalmente inadequado para a habitação de seres humanos. Mas, no primeiro século da era cristã, Patmos tornou-se uma colônia penal usada pelos romanos. Cercada de águas por todos os lados, era uma penitenciária de segurança máxima: o Alcatraz daqueles dias.
Ali, separado dos irmãos em Cristo, não tendo comida suficiente, precariamente vestido e dormindo numa caverna fria, escura e solitária, João estava como prisioneiro. Seu Crime? Pregar o evangelho de Jesus Cristo (ler: Apocalipse 1:9).
Com o Som de Trombeta
João identifica-se à Igreja como um irmão e companheiro na aflição, ou tribulação… Por que João não se apresenta como apóstolo e líder das igrejas da Ásia? É porque, naquele momento, os dias de seu ministério já haviam ficado para trás. João desempenhava, ali, a última tarefa de sua vida.
É justamente quando sofremos, e nos sentimos esquecidos, que Deus se manifesta para usar-nos de modo maravilhoso. João pensava que o seu ministério já havia chegado ao fim. Mas o melhor estava para vir… É nesta hora de sofrimento e aparente derrota que Cristo se manifesta poderosamente na vida do discípulo amado.
Foi em meio ao confinamento que João ouviu o alerta final de Jesus Cristo: “Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta” (Apocalipse 1:10). João ouve aquela voz semelhante à trombeta – uma voz forte, distinta, penetrante e dominadora. A voz de Jesus Cristo. Já haviam se passado mais de 65 anos desde que João a ouvira pela primeira vez, intimando-o a deixar a rede para segui-lo. Tempos mais tarde, ouviu-A soar: “Está consumado!” Depois, ouviu-a em tons de despedida e na promessa de retornar a este mundo.
Agora, João ouve novamente aquela voz. Desta vez, diferente. Ele não ouve o sussurro gentil do Servo do Senhor que, como o profeta anunciara: “Não clamará, não se exaltará nem fará ouvir a Sua voz na praça” (Isaías 42:2). Ao invés disso, João ouve a voz forte e penetrante do Cristo glorificado que soa aos seus ouvidos como uma poderosa trombeta.
O Filho do Homem
Ao ouvir a voz como som de trombeta, João virou-se e viu sete castiçais de ouro. Nos tempos antigos, os castiçais eram colocados no canto do aposento com uma pequena lamparina sobre si. O propósito do castiçal era manter a lâmpada no lugar de maior destaque do aposento. O castiçal não era a luz; ele era o suporte da luz. O mesmo ocorre conosco. Somos o suporte da luz de Cristo, neste mundo em trevas. Esta é a missão da Igreja.
Os castiçais vistos por João são de ouro, o metal mais precioso da época. O ouro representa o grande valor da Igreja. Nosso valor é incalculável. Jesus derramou seu precioso sangue para nos resgatar. Pagou por nós um preço superior ao do ouro e da prata (I Pedro 1:18-19). Somos preciosos para Ele!
No meio dos castiçais, João vê a figura como de um homem. Não um homem comum! Não um homem qualquer, mas o Filho do Homem. Este é um título messiânico profundamente enraizado no Antigo Testamento, pois fala daquele que haveria de vir, ungido pelo Espírito, para inaugurar o reino de Deus na Terra.
O Profeta Daniel viu o Filho do Homem vindo para governar o mundo com soberana autoridade: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do Céu um como o Filho do Homem… E foi-lhe dado o domínio e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas O servissem: o Seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o Seu reino o único que não será destruído” (Daniel 7:13-14).
João observa as vestes de Cristo. Seus trajes suntuosos demonstram Sua autoridade suprema sobre a Igreja – a Sua soberania. Jesus não está mais vestido como Servo sofredor. Ele é visto com as vestes de um poderoso governante – as vestes daquele que domina: Ele estava “…vestido até os pés com um, vestido comprido, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro” (Apocalipse 1:13).
Nos tempos antigos, este era um aparato de reconhecida autoridade, dignidade e poder. Quanto mais longo o vestido, maior a autoridade. Por isso, na visão que Isaías teve de Jesus glorificado, as orlas de Seu vestido enchiam o templo (Isaías 6:1). O domínio de Cristo é infinito, não cabia no templo sequer uma representação dele — por menor que fosse a escala usada.
Seu Caráter Puro
João volta-se neste momento para a cabeça e o cabelo de Cristo: “E a Sua cabeça e cabelos eram brancos com lã branca, como a neve…” (Apocalipse 1:14). Os cabelos de Jesus são brancos. Não um branco comum e vulgar. É um branco que refulge tão brilhantemente quanto a neve que cai num dia ensolarado. Este branco é símbolo da absoluta pureza e santidade de Cristo. Santidade é o atributo que mais sobressai em Cristo. É o topo de Seus atributos.
A Santidade de Cristo é vista em Seu ódio pelo pecado. Ele acha-se totalmente afastado do pecado. Para que se possa estar em sua presença, é necessário ser santo. Quando os anjos pecaram, foram expulsos do Céu, e separados da Sua presença. Por rejeitarem a Cristo Jesus, os homens serão expulsos de Sua presença no Juízo Final (e destruídos).
É santidade o que Cristo espera de Sua Igreja. Precisamos estar separados do mundo; não podemos ser como o mundo. Pedro nos adverte: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver. Porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu Sou santo” (I Pedro 1:15-16).
Seu Profundo Olhar
João contempla, neste instante, os olhos de Cristo. A visão torna-se sobremaneira impressionante. Raios de fogo saem dos olhos do Senhor Jesus: “… e os Seus olhos são como chama de fogo” (Apocalipse 1:14 u.p.).
Jesus vê os lugares mais profundos e secretos de cada Igreja. Nada Lhe está oculto. Porque “não há criatura alguma encoberta diante dEle; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos dAquele a quem havemos de prestar contas” (Hebreus 4:13).
Jesus observa tudo com uma visão mais poderosa que raios X. Nada escapa à Sua atenção. Nada pode obscurecer-Lhe a visão. Nenhum conhecimento está fora de Seu alcance. Ele vê perfeitamente cada ministro e membro de Sua Igreja.
Com olhar penetrante, Jesus sabe completamente cada detalhe sobre nós. Não há pensamento secreto, palavra ou intenção que Jesus não conheça! De fato, Jesus conhece nossos pensamentos mesmo antes de os expressarmos (Salmo 139:4). Ele lê a nossa correspondência sem ter de abrir o envelope!
Com olhos penetrantes como chamas de fogo, Jesus olha para a Sua Igreja. Ele diz a Éfeso: “Eu sei as tuas obras” (Apoc. 2:2). À Esmirna, Ele observa: “Eu sei tuas tribulações” (Apoc. 2:9). A Pérgamo Ele fala: “Eu sei onde habitas” (Apoc. 2:13). Às Igrejas em Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia Ele diz: “Eu sei as tuas obras” (Apoc. 2:19 e 3:1,8 e 15).
Com “os Seus olhos como chamas de fogo” Jesus está a olhar e acompanhar a vida de cada membro de Sua Igreja. E o que é que Ele procura? A resposta pode ser dada numa única palavra: Santidade. Jesus busca. Jesus espera. Jesus sonha em ver santidade na vida dos membros de Sua Igreja.
Sua Disciplina Severa
A visão vai além. Observando a Cristo, João vê que de Sua boca saía uma arma mortal – uma espada: “… e da boca saía-Lhe uma afiada espada de dois gumes…” (Apoc.1:16). A espada de dois fios mostra a autoridade judicial de Cristo para administrar disciplina em Sua Igreja. Quando a Palavra de Deus é desobedecida, Jesus empunha Sua espada para disciplinar. Mas o inimigo de Cristo não é a Igreja, e sim o pecado.
Com esta espada afiada, Jesus remove cirurgicamente o pecado de Seu corpo – a igreja. O pecado é um tumor maligno! Se o seu corpo for atingido pelo câncer, com certeza você fará o possível para recuperar a saúde. Isso requer submissão ao bisturi do cirurgião. Não porque você odeie seu corpo, mas justamente por amá-lo.
O pecado, da mesma forma, tem que ser extirpado do corpo da Igreja onde quer que ele se encontre! Jesus ama Sua igreja e deseja-lhe a saúde espiritual. Por isso, onde houver pecado, Ele o remove com a Sua espada aguda de dois fios. Embora pareça traumático, esse tratamento não é maléfico ou vão. O pecado tem de ser removido e a disciplina tem que ser aplicada, por amor ao membro e por amor ao corpo – a Igreja.
Em Sua graça, Cristo muitas vezes contém Sua disciplina para dar mais tempo para que nos arrependamos. Ele prefere que nós mesmos tratemos com o pecado. Mas não devemos pensar, nunca, que Sua tardança significa que Ele não vai nos disciplinar – que Ele esteja passando por altos os nossos pecados. A Bíblia nos adverte: “O Senhor é tardio em irar-se, e de grande poder, e ao culpado de maneira alguma terá por inocente…” (Naum 1:3).
Apelo
Esta visão, dada a João, nos traz um alerta final, da parte de Deus. O tempo é curto. Todas as profecias referentes a tempo já se cumpriram. O fim se aproxima. Cristo virá em breve. Aliás, Ele já está voltando. Não há mais tempo a perder! Esta é a hora mais importante de toda a história humana! Estes são os momentos que precedem a volta de Jesus Cristo. É tempo de acordar e servir ao Senhor. É tarde da noite!
O apóstolo Paulo nos adverte: “e isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é passada e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz (Romanos 13:11-12).
Esta passagem mostra crentes espiritualmente sonolentos, indiferentes ao cumprimento das profecias, alheios aos sinais da vinda de Jesus. Mas já é tarde. O amanhecer da volta de Cristo está despontando. A Igreja precisa estar pronta. É hora de despertar e dar à trombeta o sonido certo. É hora de avisar ao mundo: Jesus está voltando!
Que através do memorial da Criação (o Sábado), possamos voltar nossa mente lá atrás, onde tudo começou! Que neste Sábado possamos valorizar o sentido da vida, da existência, e jamais tapar os ouvidos para o soar desta trombeta que nos convida para dias melhores. Não aqui, mas eternamente com Deus. Qual é seu destino? Pense neste chamado.
FELIZ SÁBADO!
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